Meus Cumprimentos

É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra, não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela vida...
Bob Marley

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Entendendo a Venezuela (1)

Eduardo Guimarães é empresário, e esteve na Venezuela neste mês de Agosto à trabalho. Aproveitando a viagem, conversou com todo tipo de cidadão venezuelano sobre a política atual no país, de qual é a visão deles em relação ao governo de Hugo Chavez e como está a situação econômica e social de todos eles.

Eduardo, a cada experiência vivida e cada conversa reveladora, escrevia já no mesmo dia do acontecido, postando no seu blog e refletindo diversas vezes sobre a real situação daquele país, o qual só pode ser criticado ou admirado por quem realmente o conhece muito bem por experiência própria, mesclado com um certo interesse, conhecimento e raciocínio lógico sobre a história política da América Latina.

Reproduzo seus posts no meu blog para que vocês, que não tiveram acesso às informações repassadas por ele, no seu blog (ou em outro), saibam mais sobre a verdadeira situação na Venezuela, e reflitam sobre o que ele escreve e sobre o que chega até vocês através dos meios de comunicação do Brasil, assim, comparando a grande mídia daquele país e do nosso, e sobre o que vocês devem acreditar ou não.

Reconheço a importância da representação da viagem de Eduardo e da divulgação em outros blogs, para que conceitos já formados, ou sendo formados, sobre países vizinhos e parceiros, sejam melhor analisados.

O blog do Eduardo Guimarães é http://edu.guim.blog.uol.com.br/ - recomendo.

Venezuela, meu desafio

Uma chance de ouro apresenta-se a este pretenso e autônomo observador da imprensa. Trata-se da chance de mostrar como acho que deveria ser o jornalismo praticado no Brasil pelas grandes empresas que exploram o mercado jornalístico, isto é, os grupos Globo, Abril, Folha, Estado etc. Vale explicar, entretanto, que me refiro exclusivamente aos grandes porque é neles que se concentra o seriíssimo problema que penso que acomete o jornalismo brasileiro contemporâneo. Entre os pequenos, apesar de boa parte deles imitar o mau jornalismo que vem sendo feito pelos grandes, há, sim, vários veículos que, a meu juízo, fazem bom jornalismo.

Mas que chance é essa que se apresenta a um comerciante para fazer (bom) jornalismo? Para quem está habituado a me ler em meu blog, o que direi não constitui novidade. Para os demais leitores, entretanto, devo informar que embarco hoje (domingo, 12 de agosto) à noite para um dos países sobre o qual a imprensa brasileira mais vem produzindo informações, no mínimo, questionáveis. Refiro-me à Venezuela. Nas próximas duas semanas, percorrerei, em missão comercial, várias cidades venezuelanas, começando pela capital federal, Caracas. Também visitarei Valencia, Barquisimeto e Maracaibo.

A desinformação sobre o quadro político-institucional-econômico venezuelano, nos demais países latino-americanos, é muito grande. Para que se tenha uma idéia, os grandes meios de comunicação da região alardeiam a idéia de que a Venezuela é uma ditadura comandada, com mão-de-ferro, pelo presidente Hugo Rafael Chávez Frías. Outra informação que a grande imprensa latino-americana tem difundido sobre a Venezuela é a de que o regime daquele país estaria promovendo cerceamento à liberdade de expressão. Mas a informação mais polêmica, neste momento, é a de que os venezuelanos, numa maioria que a imprensa daqui e de lá disse ser de uns 80%, desaprovaram a não-renovação da concessão da RCTV pelo governo venezuelano.

Os que já me leram outras vezes sabem que discordo veementemente dessas informações. Como sou um homem de idéias que meus críticos costumam qualificar como "de esquerda", como apóio (condicionalmente) o governo Lula, como tenho defendido os outros governos populares (ditos "populistas" pela imprensa conservadora) que têm ascendido ao poder na América Latina, tais como o da Bolívia, do Equador, da Argentina, do Uruguai e da Nicarágua, preocupa-me minha ideologia estando eu me propondo a fazer bom jornalismo, pois minhas crenças poderão fazer comigo o que as dos grandes órgãos de imprensa fazem com eles, ou seja, tais crenças poderão me levar a distorcer a realidade em prol daquilo em que acredito.

O bom jornalismo, em minha opinião, é, antes de tudo, a capacidade do jornalista de separar aquilo em que acredita daquilo que vê, e de relatar o que viu independentemente daquilo que gostaria de relatar. Porém, sobretudo na América Latina, os grandes meios de comunicação aboliram suas frustrações diante da realidade. Quando esta não acompanha o desejo do jornalista (ou do patrão do jornalista), adapta-se essa realidade ao desejo.

Quero fugir do poder que nossos desejos exercem sobre nossa visão dos fatos. E é aí que, apesar da dificuldade, apresenta-se a tal chance de ouro à qual aludi no início deste texto. Meu desafio será o de relatar fidedignamente o que for vendo na Venezuela, mesmo que o que vir desagrade minhas crenças.

As pessoas querem saber o que de fato se passa na Venezuela. Sei de muitos conservadores e progressistas que preferem uma verdade desagradável a uma mentira reconfortante. E há, também, aqueles que não têm ideologia e que são maioria de nosso povo, e que, ao receberem informações da grande imprensa conservadora ou do reduzido jornalismo progressista que há no Brasil, acabam ficando "no escuro", porque percebem que não há como formar opinião séria diante do partidarismo e do ideologismo que se apoderaram do jornalismo brasileiro.

É um desafio e tanto, o meu. Sobretudo porque, apesar de que ficarei duas semanas na Venezuela, estou viajando a trabalho, para a empresa que está me financiando as viagens, e, portanto, não poderei me dedicar como gostaria a tal desafio. Dessa forma, não posso prometer que deslindarei definitivamente a verdade sobre a política, sobre a economia, sobre a situação social e sobre o ânimo majoritário dos venezuelanos em relação ao regime político que controla o Estado. Só posso prometer relatar fielmente o que vir. E em um tempo bicudo para o jornalismo como o atual, acho que não é pouco o que prometo.

Escrito por Eduardo Guimarães no dia 12/08/2007, no seu blog http://edu.guim.blog.uol.com.br

Um comentário:

Viviane de Moraes disse...

olá! Não sabe como fiquei feliz de ler esse desabafo em seu blog, pois estou fazendo um TCC exatamente em cima disso, como a mídia brasileira e a mídia venezuelana estão cobrindo o caso RCTV x Chávez. Queria saber se lá alguma mídia está a favor de Chávez? Pois acho um absurdo o que a mídia brasileira está fazendo e sempre fez né. Sou estudante de Jornalismo de Pelotas RS. se puder entrar em contato comigo para tu passares as tuas experiências agradeço muito.
Viviane Moraes- vivizinhamoraes@gmail.com