Meus Cumprimentos

É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra, não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela vida...
Bob Marley

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Entendendo a Venezuela (9)

Onde mora o perigo

Uma leitora, que se identificou simplesmente como Adriana, do Rio de Janeiro, fez uma observação que considerei extremamente arguta e sobre a qual nem eu, protagonista do assunto que ela comentou, havia refletido.

Adriana bem observou que eu havia manifestado medo de subir aos morros de Caracas para conhecer a realidade da maioria dos caraquenhos que vive nesses guetos e que apóia o governo de Hugo Chávez. É fato. Meu medo decorria do risco que ir a favelas representa, sobretudo para estrangeiros – e, na Venezuela, é isso que sou. Contudo, foi na parte rica da cidade que sofri dano, uma agressão física, e por parte de um jovem da elite.

No morro Propatria, naquele lugar miserável, sujo, cheio de gente supostamente sem educação, sem “preparo”, fui recebido com respeito, com reverência mesmo, e em nenhum momento me senti ameaçado. Vejam, então, onde é que mora o perigo. Ele mora entre aqueles que pensam que o mundo lhes pertence, pois cresceram sem passar privações, sem que suas famílias lhes ensinassem a respeitar os diferentes e os contrários.

Aliás, falando em perigo, ontem ocorreu mais um caso de violência aqui na Venezuela. Um deputado chavista compareceu a uma audiência num tribunal por conta de alguma acusação a que responde e houve um choque entre seus simpatizantes e uma equipe de reportagem da RCTV.

Neste país, violência física por causa de política está se tornando cada vez mais freqüente. Claro que há violência no Brasil. Muita. Só que essa violência ocorre por todos os motivos, mas dificilmente ocorre por questões políticas. E acho muito mais preocupante quando as pessoas se agridem fisicamente por causa de política. Aí, a violência não é caso de polícia e, sim, de exército(s). Violência e política, com efeito, são ingredientes das guerras civis.

Vejam só os bordões de cada facção política venezuelana:

· Chavistas: “Socialismo, Pátria ou Morte!”

· Antichavistas: “Guerra Civil Já!”

Dá medo, não?

*

Graças a Deus, gente, em algumas horas embarco para o Brasil, de maneira que, das 21 horas de hoje até amanhã à tarde, não terei como liberar comentários.
Escrito por Eduardo Guimarães no dia 23/08/2007, no seu blog http://edu.guim.blog.uol.com.br/

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