Meus Cumprimentos

É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra, não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela vida...
Bob Marley

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Sepé Tiarajú - um herói vencido

Em plena colonização da América, portugueses e espanhóis disputavam posses de terras no Brasil. Mais especificamente no sul, havia a Colônia do Sacramento, fundada pelos Portugueses, mas não aceita pela Espanha. Porém, depois de tantas negociações, pelo Tratado de Madri, Portugal cede a colônia do Sacramento em troca do território dos Sete Povos das Missões, onde viviam cerca de 30 mil índios, que foram obrigados a abandonarem suas terras.

Quando os índios tomaram consciência do Tratado, revoltaram-se: "Como poderá ser a vontade de Deus que vós tomeis e arruineis tudo o que nos pertence? Aquilo que possuímos é exclusivamente o fruto de nossas fadigas, e o nosso rei não nos deu coisa alguma... Não somos apenas as sete missões da margem esquerda, mas doze outras reduções estão decididas a sacrificarem-se conosco desde que tenteis apoderar-vos de nossas terras..."

Foi aí que estourou a Guerra Guaranítica, comandada pelo líder Sepé Tiarajú, que espalhou todo seu sangue de revolta aos demais indígenas pelo grito de expressão: Esta terra tem dono. Ela foi dada por Deus e São Miguel! E todos partiram para defender suas terras com arcos e flechas. E do outro lado vinham os portugueses e espanhóis com suas armas de fogo.

A guerra durou três anos (1753 a 1756). Neste último ano, os brancos perceberam que Sepé era o coração da batalha para os guaranis. Muito espertos, focalizaram a perseguição para derrubar o líder, que no final, foi pego e tombado pelas armas de fogo.

Dias e mais dias, após a tentativa de resistência dos guerrilheiros, a guerra termina com rios de sangue indígena e os sobreviventes vencidos se obrigam a mergulhar na escravidão. Mas certamente, nem isto aceitaram. Pelos maus tratos e até por conta própria foram morrendo aos poucos.

Sepé Tiarajú, um grande líder revolucionário, foi quem emancipou a tentativa de defender suas terras, jamais se entregando. Terras que foram fruto de anos de trabalho pela introdução de uma cultura pacífica, harmoniosa, com um socialismo que cedia igualdade a todos, não se admitindo riqueza e miséria, apenas uma arte de viver cultivando a natureza e seus costumes, buscando a evolução cultural e tecnológica para seus meios de sustentação. Este é um grande exemplo da vida que a natureza propôs quando criou-se no universo.

Hoje, sobraram poucos índios, mas as lembranças nunca se apagam na memória daqueles que valorizam sua vida, sua dignidade, sua liberdade em meio ao lugar em que vive. Até por que a alma de cada "vencido", ainda renasce em nossos corpos.

E ainda existe o império, a exploração por conseqüência do passado, a ganância e o egoísmo, a desumanidade. Mas ainda existe a esperança da mudança, basta cada um ter em mente a fé e atitude.

Esta terra ainda tem dono, e é para aqueles que trabalham em benefício dela.

SEPÉ TIARAJÚ é um exemplo, e seu espírito sempre estará conosco.

Seu ideal vale não só para os gaúchos, mas para toda a América Latina e todos os povos do mundo que são injustiçados pelo egoísmo e pela covardia.

A mudança consiste na consciência humana, na busca por um equilíbrio entre os poderosos e os miseráveis, ao não aceitar uma evolução enganosa que nos levará ao caos do inferno através dos mais impuros e insanos pensamentos e atitudes do homem.

Mais detalhes de sua história:

http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendasepetiaraju.html

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